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sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Se murió el Chesperito




Viver é acumular histórias. Eis o sentido da vida: histórias. Histórias para contar, histórias para compartilhar com os amigos nos momentos de alegria. Histórias para relembrar olhando álbuns antigos. 


Histórias para dar conselhos nos momentos de tristeza. Histórias de tristezas também, porque não há vida sem elas. Histórias de superação. Histórias de sorrisos, de primeiros beijos, de primeiras tantas vezes. Histórias para ouvir. Histórias verdadeiras e mentiras ou uma mistura das duas coisas. Histórias que não são rima, mas são poesia pura. Histórias de escola, histórias de família. Aquelas histórias que têm cheiro: cheiro de perfume de avó, cheiro de manga colhida no pé, cheiro de suor, sangue e lágrimas. Histórias...

Histórias são o que fazem a vida ser mais do que nascer, crescer, gozar, reproduzir e morrer. Histórias são narrativas, escolhidas do jeito mais conveniente, para entender o que somos. Quais são as histórias que fizeram você ser quem é? Quais são as histórias que fazem você voltar longe, relembrar aqueles momentos mais puros, onde tudo parecia ser simples é bom?

Esse homem aí em cima tem o cheiro, o gosto e a cara das minhas histórias. Era um gênio, esse rapaz que morreu jovem ainda, jovem ainda. Não era à toa que o chamavam de Chespirito, o pequeno Shakespeare. Porque assim como nos ensina o Bardo, a imortalidade se consegue quando as histórias que se conta refletem as histórias do seu tempo. E são grandes as questões que unem esses dois personagens. Porque Hamlet tem muito de "a vingança nunca é plena, mata a alma e envena". Porque a Florença de Romeu e Julieta tem muito de vila do Chaves. Ouso mais: ouso dizer que Chapolin é um personagem de Cervantes! E enquanto vivermos a caçar moinhos (ou seriam aerolitos?) e a temermos a nossa própria sombra (ou seria o pirata Alma Negra?) carregaremos um pouco do bardo mexicano dentro de nós.

Morre o homem, vivem suas histórias. Assim se alcança a eternidade.

Adiós, Bolaños.