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quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Vivendo sem televisão



Há exatamente um ano eu cortei definitivamente meu laço com a televisão. Ao contrário do que pode parecer, não foi um grito revoltado contra a sociedade de consumo, muito menos uma decisão extemporânea fundamentada em algum processo de irritação contra a programação ou os agentes produtores de conteúdos. Na verdade, como todas as grandes mudanças, elas ocorrem aos poucos e, quando se percebe, elas sempre foram dotadas de um caráter de inevitabilidade.


Vida cheia, levando muito trabalho pra casa, academia, livros para ler, para mim era impossível acompanhar uma série da TV fechada, muito menos uma novela. Também chegou um certo momento que assistir ao jornal se tornou uma tortura, tanto pro discordar da abordagem, quanto da relevância dos temas tratados.


Já se foi o tempo que jornal exalava confiabilidade. A verdade é que o resto da vida estava se tornando muito mais interessante. A televisão e sua dinâmica foram se tornando, consistentemente, cada vez mais irrelevantes mais minha vida. Tanto é que, quando decidi cortar gastos para comprar um carro novo, o primeiro a sangrar foi o custo da TV por assinatura.



Mas não houve a crise de abstinência esperada. Tirando, provavelmente, os jogos do campeonato brasileiro - que passei a assistir no boteco aqui da esquina com muito mais empolgação - não senti falta de absolutamente nada na programação da televisão. Passei a ler mais, consumir muito mais conteúdo na Internet. Mesmo os vídeos dos jornais, passei a ler acompanhados das reportagens escritas e resenhas, com links para outras postagens que aprofundavam os temas.
Principalmente, passei a ter mais controle sobre o conteúdo que consumo e a selecionar muito mais minhas fontes de informação. Decidir abrir mão da televisão não foi um grito de liberdade, foi uma passagem para outra forma de interagir com o mundo da informação.

Um ano se passou e começo a enxergar as diferenças. E embora boa parte dos meus amigos me considere um ET por viver de maneira tão excêntrica, acho que eles todos irão seguir meu caminho antes do que pensam. E logo logo televisão vai ser aquele acessório que todo mundo tem em casa, mas liga muito de vez em quando para ficar tocando enquanto faz alguma coisa que se julga mais importante.


Sem mágoas. Televisão vai virar aquela coisa de infância, como fita k7, ficha de orelhão e jogar futebol com os amigos na rua com bola de meia. Tenho certeza que muitos de nós vamos até sentir saudades.